Saturday, December 30, 2006

As palavras que nunca te direi




Sob um sonho real
Atravesso pontes directas e inversas,
Certas e incertas,
Para atingir o eterno horizonte do teu olhar
E o canto mais profundo do teu ser...

...Dissolvo todas as palavras
na doce solução do teu sorriso...

E na incapacidade de filtrar
Todo o brilho reflectido pela estrela que em ti habita,
Fico suspensa pela sensação de eclipse solar
Em que eu, tal como a lua,
Deixo que o meu coração cruze espiritualmente
O teu sol interior
Sem sequer lhe tocar...

Percorrendo todas as cores,
Navegando em todas as marés,
Mergulho na extensa cor da paixão
Que me agarra e me liberta,
Que me solta e me prende.

...E como a Lua não atinge o Sol
Embora vivam numa constante cumplicidade,
Estas e muitas outras
Serão as palavras que nunca te direi..
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Joana

Friday, November 24, 2006

Introspecção I

A introspecção tanto pode ser o nosso melhor remédio como o nosso pior inimigo

...

Joana

Sunday, November 12, 2006

Uma pausa no teu caminho


Há uns tempos atrás alguém me disse " a indecisão existe quando tu sabes muito bem o que queres mas achas que devias querer outra coisa ". E isto remete-me para a constante luta (de que os poetas se queixam tanto e que os loucos desconhecem) entre a razão e a emoção. Sabemos muito bem o que queremos, porque a emoção "estar feliz" é uma constante a atingir e, porventura, até nos encontramos a saber o que a poderia concretizar mas, por outro lado, sabemos que deviamos querer outra coisa pois é o que a própria razão faz questão de nos dizer (e repetir!).
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E das duas uma: ou seguimos, com racionalidade (e alguma lógica), aquilo que "deve ser" e submetemo-nos a um estado emotivo, hipoteticamente, desinteressante ou dispomo-nos a arcar com as consequências (sejam boas ou más) que não seriam mais do que a descendência directa dos nossos actos, muitas vezes, irracionais em prol de um sorriso na cara e uma alma feliz.
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Isto seria um drama se não fossemos capazes de adaptar esse conflito a todas as ocasiões da nossa vida. Mas até nos safamos bem...
Eu, por exemplo, resolvo a questão assim: "uma pausa no meu caminho". Uma pausa (de minutos, horas ou, quiçá, dias) na minha racional prestação diária para me entregar emocionalmente à magia de algo que a moral e os bons costumes poderiam censurar.
A minha consciência nem vai sentir qualquer repressão porque, afinal de contas, é só uma pausa. Até o indivíduo que trabalha nos serviços de saúde tem o direito à sua pausa para disfrutar do pecaminoso cigarrinho.
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Então, sejamos razoaveis, e façamos uma, duas, ou centenas de pausas no caminho da nossa vida sempre que for necessário, para que não percamos a nossa sanidade mental. Esta depende, mais do que das atitudes estritamente racionais, do nosso bem-estar, do nosso sentimento de vitória sobre os obstáculos que se nos impôem e, sobretudo, de todos os momentos (efémeros) que nos fazem sentir tranquilos e pensar "sou feliz".
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Joana

Wednesday, November 08, 2006

Coisas escondidas

Certo dia, o Principezinho (dispenso quaisquer apresentações deste rapaz pois creio que o conhecem bem) pediu que lhe desenhassem uma ovelha. Num primeiro esboço, esta apresentava-se com um ar adoentado; no segundo parecia, simplesmente, um carneiro (isto da arte do desenho tem muito que se lhe diga, mas o dom da crítica também não se dá bem com toda a gente). A terceira e última tentativa não deixou lugar para reparações.



Uma caixa. Foi desenhada uma caixa. Então e a ovelha? "A ovelha está dentro da caixa". Ora, digam lá se foi, ou não, uma jogada de imaginação criativa? Ou será que foi a solução mais fácil? (e note-se que não foi o Principezinho a usufruir dessa facilidade.)



Tal como o "desenhador" da ovelha, também nós passamos a vida a desenhar caixas... É mais fácil. Evitamos a crítica. Escondemos o dom que não temos, a perfeição que não dominamos. Construimos caixas, imaginamos (e inventamos) caixas, eternizamos caixas... Tens fome e queres uma refeição? Precisas de um abraço? De um sorriso? Toma lá 3 caixas.



É desta forma que nos envolvemos, dia após dia, num turbilhão de ilusões, enganos e desenganos, totalmente apático ao verdadeiro brilho emanado pelas coisas que teimamos em "encaixotar"...


Até ao dia em que o Principezinho de cada um de nós (passo a metáfora) vai precisar de uma ovelha amiga, de um abraço sentido, de uma ajuda qualquer e vai ser enterrado na falsa e cinzenta estrutura de um castelo de caixas.



Joana